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Atividades extracurriculares: qual o limite?

Um novo ano letivo começou e, depois de um bom tempo em casa, é comum que a rotina de férias ainda esteja reinando livre, leve e solta. Aquela preguiça das crianças na hora de se preparar para sair e o alvoroço no momento de preparar a lancheira. De fato, o sono e a alimentação são pontos fundamentais que podem ter sofrido alterações nas férias, mas agora é preciso retomar a disciplina para que todos aproveitem melhor o dia e os aprendizados dessa nova etapa. Para ajudar você nessa volta às aulas, Stellar contou com a ajuda da baby planner Andressa Isola, que pontou as mudanças mais importantes a serem feitas:

Natação, inglês, jiu-jitsu, música, robótica… A lista de atividades disponíveis além das que já ocupam o espaço da grade escolar das crianças é grande. E, muitas vezes, seja pela necessidade de manter a criança sob supervisão de um adulto enquanto a mãe ou o pai estão trabalhando; seja por querer que ele aprenda mais e se desenvolva em todo seu potencial, sem perder nenhuma chance de aprendizagem, os pais matriculam seus filhos em diversas atividades extras. Como tudo na vida, há o lado positivo e o negativo e o problema mora no excesso. Por isso, é fundamental o equilíbrio, bom senso e estar próximo da criança para poder perceber os sinais que ela está sobrecarregada. 

Vamos entender melhor todos esses aspectos na entrevista feita por Stellar com a pedagoga e especialista em Neurociência na Educação, Gabriela Duncan Brotero:

Stellar – No seu dia a dia lidando com as crianças, você sente que elas estão mais sob pressão em relação a serem produtivas ou se prepararam para, quando adultos, serem pessoas “de sucesso”? Como você lida com isso e qual o seu maior conselho para esses pais?

Gabriella – Vimos de uma sociedade em que a produtividade é vista como algo positivo. Mas a superprodução é algo superestimado porque, como adultos que criam crianças e que são super produtivos, exige-se isso também. Mas é importante que seja nivelada a faixa etária e as atividades propostas estejam equilibradas com outras áreas da vida, como a socioemocional, a de como a criança se relaciona consigo mesma e a do ócio. Isso vale para crianças e adultos. O que eu vejo é que estamos sob pressão e isso acaba sendo passado também para os nossos filhos. Acredito que precisamos ter em mente que não adianta uma criança participar de todas as atividades disponíveis, pois não vai aproveitá-las integralmente. Além do mais, é de extrema importância entender que cada faixa etária tem seu valor. Crianças de até quatro anos precisam, por exemplo, entrar em contato com o mundo.  Elas estão descobrindo o mundo e vale, como pais, dar esse oportunidade a elas. Crianças de cinco a seis anos, precisam entender o mundo letrado, e nada melhor que fazer isso conhecendo esse mundo de verdade: às vezes, ir para o mercado e calcular o preço dos alimentos que vão comer a noite de jantar se torna muito mais significativo do que fazer aulas extras de matemática, por exemplo. 

Stellar – Atualmente, temos a impressão que para ter uma infância proveitosa a criança precisa aproveitar ao máximo as atividades extracurriculares. Mas o próprio brincar – seja livre ou direcionado – já não seria uma etapa importante de aprendizado?

Gabriela – Sem dúvidas o brincar é de extrema importância para o desenvolvimento integral da criança, ajudando a determinar o que ela é capaz de fazer por si mesma.Importante lembrar que existem duas fases do brincar: o que acontece na primeira infância, em que a criança brinca muito com ela mesma, e a segunda fase, que ela começa a enxergar que existem outros seres em outros ambientes que podem ser incluídos na brincadeira. Sobre os tipos de brincadeiras, temos as livres – com ou sem materiais expostos, lúdicos e não estruturados – e a brincadeira dirigida – onde o adulto estimula a criação das experiências. Como professora, acho extremamente importante que os pais saibam que a brincadeira é 100% aprendizagem. Então, quando a criança vai para a escola pra brincar, ela está se desenvolvendo em diversos níveis: cognitivo, relacional, de conhecimento de limites e desenvolvimento de criatividade. Elas também desenvolvem a relação com  o outro, sabendo os limites dessa relação, e entende a brincadeira com o outro como maneira de partilhar. Além disso, desenvolve a fala, a linguagem, entre outras habilidades.

O brincar vem para somar também na área pedagógica, já que existem brincadeiras que desenvolvem matemática, geografia, temas mais científicos… A brincadeira também cumpre as necessidades daquela criança em determinado momento. Por exemplo: se temos crianças de 0 a 3 anos num grupo e menores em outro, uma está desenvolvendo habilidades motoras, enquanto as outras, estão aprendendo a dividir o brinquedo, a conviver com o outro. Uma proposta interessante para fazer que a brincadeira livre ocorra de maneira mais autônoma é oferecer às crianças materiais não estruturados, desde colher, passando por pedras, areias e folhas, e ver o que ela consegue criar. O brincar livre não significa deixar a criança solta, sem nada no meio da grama. É livre no sentido de promover a autonomia, não ter muitas interferências, mas ainda assim, existem regras e condições. 


Stellar – E qual a importância do ócio na vida da criança?

Gabriela – A Organização das Nações Unidas (ONU) determina que todo ser humano tem direito ao descanso, ao ócio, às férias. Indo para a classe média alta, sempre nos envolvemos numa rotina que além da escola tem as atividades extracurriculares. Crianças que participam todos os dias dessas atividades estão se desenvolvendo porque estão entrando em contato com essas outras atividades, mas isso não significa que elas se desenvolvem mais que as que não praticam. Isso porque o cérebro precisa do descanso para conseguir mapear as informações importantes e ver aquilo que deverá manter como memória de longo prazo ou de curto prazo. Uma criança que está sobrecarregada pode até não ter um desempenho como o esperado porque o cérebro não tem tempo de consolidar o que recebeu. Então, as atividades são importantes, mas por outro lado, ela precisa ter um tempo de ócio. Isso também não significa ficar sentada no sofá, olhando para o teto entediada. e que consiga entender que não é que ela deve ficar entediada, mas que ela pode escolher não fazer nada ou fazer algo que ela escolha e que não seja uma tarefa em si. Ela pode assistir um filme que pede para ver há tempos, sentar e conversar com a mãe enquanto ela faz alguma atividade em casa, ajudar os pais em alguma tarefa que seja leve e divertida para a criança. Olhar para as estrelas, observar as nuvens, ver as flores do jardim.  tudo isso entra como um ócio e é muito positivo! O tempo ocioso passa por dar essa livre escolha dela fazer o que quiser por um certo momento. 


Stellar – Quais são os sinais que a criança está com a rotina muito cheia? 

Gabriela – Os sinais são muito nítidos: a criança pode ficar muito irritada, chorando bastante ou mais retraída. Existem crianças que não conseguem expressar esse cansaço, expor o que sentem e existem pais que banalizam esse cansaço com frases do tipo: “Está cansado por que? Você só vai pra escola”. Outro fator é que o sono da criança sobrecarregada é mais agitado. O cérebro dele demora para desligar. Então é importante parar o que está fazendo antes desse momento do sono, de jantar, deitar e dormir. As atividades precisam ser divididas, a construção da rotina deve acontecer de maneira inteligente.


Como ficou claro nessa entrevista, equilíbrio e bom senso são palavras de ordem também quando o assunto é escolher quais atividades extras a criança irá fazer e quais terá que abrir mão para o bem do seu desenvolvimento e saúde mental. Que possamos estar com os olhos atentos e o coração conectado aos nossos filhos. Porque no fim das contas, é assim que conseguimos enxergar os limites. Conte com Stellar nessa jornada! 

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