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Inteligência Artificial impacta a educação das criança

Em entrevista à Stellar, o educador parental Mauricio Maruo, estudioso do assunto, e fundador do projeto “Paternidade Criativa”, fala sobre os prós e contras dessa mudança de comportamento. Acompanhe

Seja para produzir ou corrigir textos, fazer perguntas e encontrar respostas ou cálculos e jogos digitais, as ferramentas de IA começam a fazer parte da vida educacional de muitas crianças. E a pergunta que não quer calar é: isso está trazendo mais benefícios ou riscos à forma como o aprendizado e até o comportamento das crianças está sendo desenvolvido? De acordo com o Relatório de Monitoramento Global da Educação de 2023, produzido pela Unesco, mesmo que projetos realizados com as novas ferramentas em sala de aula sejam aparentemente promissores, ainda faltam evidências para avaliar mais a fundo os resultados. Um ponto importante é que ao utilizar a IA nas escolas, essas instituições devem se valer desses recursos para promover a inclusão dos alunos, sem discriminações. O educador parental Mauricio Maruo, fundador da empresa  de impacto social “Paternidade Criativa”, colunista da portal Canguru News, e criador do primeiro jogo de Comunicação Não Violenta direcionado para pais e crianças do Brasil, afirma que o uso excessivo acaba por neutralizar o potencial da criança de ser questionadora. No entanto, as ferramentas em si não são vilãs. Segundo ele, o problema é a estrutura social, que não está preparada para Inteligência Artificial, que está muito mais relacionada aos interesses de grupos mais elitizados. Confira abaixo a entrevista que o especialista concedeu à Stellar: 

Stellar – Indo direto ao ponto, quais seriam os principais impactos – positivos e negativos – do uso da inteligência Artificial por crianças? 

Mauricio Maruo – Tenho acompanhado essa mudança de comportamento com crianças, pré-adolescentes e adolescentes encaminhando para a vida adulta. O que vejo é que quanto mais idade a criança vai tendo, mais interações ela faz com a IA. No entanto, ainda é algo novo e não estão bem claros os benefícios e malefícios dessa nova vivência. Ainda assim, eu destacaria como pontos positivos o fato de que numa sociedade que exige alta produtividade como a nossa, as ferramentas de IA otimizam processos de buscas, trazendo respostas com uma velocidade maior. E se tratando das crianças a adaptação a isso está sendo rápida, afinal, elas têm a capacidade de absorver questões comportamentais ligadas ao esclarecimento. Por exemplo: elas gostam de respostas e isso significa que são excepcionalmente experts em fazer perguntas. E isso é uma coisa interessante quando a inteligência Artificial traz as respostas buscadas. Tenho visto no dia a dia questionamentos mais inocentes por parte delas, o que, ao meu ver, é bom, pois a criança continua sendo criança. Já entre os pontos negativos, estão: o afastamento da criança em relação a ambientes de sociabilidade, afinal, no momento em que ela está conversando com a IA, ela está afastada do ambiente real, dos pais, amigos e familiares.

Outro ponto é que essa rapidez nas respostas acaba contribuindo para que ela deixe se ser questionadora, algo que é tão intrínseco na criança, mas que as ferramentas suprem essa necessidade. No entanto, é uma experiência que não tem continuidade, acaba ali mesmo. Ao contrário do que aconteceria se a criança estivesse conversando com o amiguinho, com o professor ou com os familiares. 

Stellar – Diversas escolas brasileiras têm adotado ferramentas de Inteligência Artificial em diferentes atividades. Como os educadores têm encarado essa novidade e quais os cuidados importantes a serem levados em conta?

Mauricio Maruo – O grande xis da questão, ao meu ver, é que quase ninguém hoje sabe como utilizar, de fato, as ferramentas de IA. Educadores educam, eles não são especialistas em como fazer perguntas e como desenvolver esse “prompt” para alimentar a inteligência artificial, então existe uma grande lacuna aí. E essa lacuna me preocupa muito porque existe um fator social envolvido. A Inteligência Artificial precisa ser alimentada e funciona à base de tentativas e erros. O ChatGPT, por exemplo, que é um dos mais populares, faz isso buscando respostas na internet, oferecendo respostas adequadas à pergunta, mas ele não faz filtro. Quem precisa filtrar é o usuário. E quando você filtra, você alimenta essa inteligência. E o que estamos fazendo é alimentar um banco de dados para que a máquina entenda qual é o nosso comportamento. O que acontece com os educadores: como eles não foram treinados para essa função específica e o seu papel não é alimentar essa máquina para criar prompt para algum ponto, muitos deixam nas mãos das crianças e adolescentes. Além disso, tem outra questão social que eu acho muito relevante: majoritariamente, quem está alimentando a IA, não pertence às minorias, seja de classe social, gênero ou cor. E isso impacta diretamente nas respostas que essa IA traz aos seus usuários. 

Stellar – E em relação ao comportamento da criança, ele pode ser alterado por conta do uso excessivo das IAs, por exemplo? 

Mauricio Maruo – Analisando friamente, o comportamento da criança pode ser alterado e influenciado por tudo o que é externo. Toda criança é uma esponjinha e replica atitudes de adultos ou crianças maiores ou de conteúdos que consomem na internet, especialmente aqueles que toda a turminha está vendo. A criança quer pertencer a isso. Isso dá a ela sendo de pertencimento. Analisando por esse lado, as redes sociais permitem ver claramente a mudança de comportamento das crianças. Uma criança que assiste Tik Tok, por exemplo, em alguns países da América do Sul está com faixa de 13 anos, em outros países da Europa, África e Oriente, a faixa etária é 18 anos. Mas muitas crianças menores estão ali na rede, rolando a tela. Eu vejo que o uso excessivo da IA vai fazer o mesmo: sempre querer a próxima resposta, melhor ainda se eu nem precisar pensar muito sobre. Assim, o uso excessivo acaba por neutralizar o potencial da criança, que é questionadora por natureza.

Stellar – Outro cuidado, recomendado pela Unesco, diz que a prática da IA nas escolas deve ser um recurso para inclusão dos alunos. Como você enxerga essa questão?

Mauricio Maruo – Pelo que já tenho visto, quem utilizar melhor a rede social vai sair na frente e fazer parte dessa elite. E aí a questão social volta. Não temos estrutura social suficiente para ter uma ferramenta de Inteligência Artificial igualitária. E sem dúvidas poderia contribuir sim para a estigmatização. Mas existe outro ponto que desperta a curiosidade no futuro, que é: teremos as ferramentas como matéria obrigatória na escola? Será que teremos mais escolas ensinando robótica e isso fará parte do nosso cotidiano ou ficará apenas em pequenos grupos privilegiados? Entendo que a Inteligência Artificial como ferramenta não é vilã. O problema é a estrutura social, que não está preparada para essa IA, que por sua vez, faz e fará muito mais parte de grupos elitizados. 

Stellar – Qual o recado final você deixaria para pais, cuidadores e educadores em relação ao uso da IA com as crianças?

Mauricio Maruo – Antes de mostrar essas ferramentas para as crianças, estudem a ferramenta. Tem uma educadora que gosto bastante, a Isa Minatel, que diz que ao nos tornarmos mães e pais, nos tornamos estudiosos porque queremos entender como podemos auxiliar da melhor maneira possível nossos filhos. Acredito muito na importância do estudo por parte de pais, mães, cuidadores e educadores. Senão, vamos replicar padrões não saudáveis que nossos antepassados faziam. Precisamos primeiro aprender como usar da melhor as novas ferramentas da melhor forma antes de colocá-las nas mãos das nossas crianças.

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